lunedì, maggio 05, 2014

abril, 2014

  Estamos deitados no chão de um quarto vazio que tem uma janela por onde entra luz da rua que quase nada ilumina.
  Tenho as mãos no ar. Geladas. As unhas roídas. As tuas mãos estão dentro da tua camisola azul rota por causa das traças nos nossos armários vazios. Tens os olhos fechados , mas não dormes. Não temos como nos cobrir e faz frio neste quarto. Faz tanto frio neste quarto!...
  A luz vermelha do semáforo entra pela janela e cai agora sobre as minhas mãos ainda no ar. Alguém na rua gritou e agora, contigo fecho os olhos.
  Quando expiras nas minhas costas sinto a réstia de calor que guardas em ti, esta noite. Do meu peito quase salta o meu coração. Segundos depois, quase pára. As minhas mãos estão agora no chão e as tuas, frias, na minha cara. Viro-me de volta para ti e já tens os olhos pousados nos meus. Abertos. Quase te sinto a conversar. Sem abrires a boca. Sem emitires som. 
  O vento começou a rebentar na janela. Sei que tens uma tempestade no peito. Consigo tocá-la com a ponta dos dedos. Ainda não sei como chegamos aqui.
 
Estamos deitados no chão de um quarto vazio que tem uma janela por onde entra luz da rua, que quase nada ilumina.
A cidade não parou. E nós aqui.

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